Lilypie Fifth Birthday tickers

domingo, 3 de outubro de 2010

Ser ou não ser "pidão"

A cada dia que passa estamos em uma luta sem fim, para ensinar o Lipe a não ser consumista.
Tarefa difícil perante uma sociedade movida pelo consumo.

Tentamos driblar essa "doença" de nossos tempos, oferecendo ao Lipe momentos de diversão longe de lojas, shoppings e consumo...

Eis que ontem, num final de dia chuvoso, lembramos que precisávamos escolher um presente para uma festinha de hoje. Nosso destino: o shopping!

Entramos em uma loja de brinquedos educativos e lipe estava motivado a escolher algo com a cara do amigão...

De repente me solta:
- Mamãe, não estou me aguentando!
Não eram só as palavras que diziam isso, mas o seu corpo, seus gestos...
- Como assim Lipe?
- Eu não quero ser pidão, preciso me controlar, mas também queria tanto um presente...

Gente, como pode?
Não sabia se ria ou chorava!
Será que temos todos que nos encontrar em uma Associação Anônima de Consumistas?

Lógico que driblei falando que poderia escolher um presente para o Dia das Crianças e que logo o ganharia.
Ele ficou satisfeito...
Quando chegamos em casa, conversamos sobre as crianças que não possuem brinquedos e combinamos que a cada novo presente que ganhasse, teria que escolher um para dar às crianças que não ganham...


Não sei se é o melhor caminho...
Deixo aqui alguns textos sobre o assunto:



Uma música deliciosa e um vídeo para refletir sobre o assunto:

Por que a publicidade faz mal às crianças



     Com a expansão da comunicação, somos continuamente influenciados pela diversidade de mensagens e imagens que nos seduzem e inebriam por meio das mais variadas formas de mídia. Entre elas, está a publicidade, com suas manobras estratégicas, endereçando à nossa emoção seus sedutores apelos de venda. Por sermos dotados de juízo crítico, temos a possibilidade de selecionar aqueles que melhor correspondem às nossas reais necessidades.

     No entanto, o mesmo não acontece com as crianças, que são mais vulneráveis às mensagens persuasivas por estarem em desenvolvimento. Sabe-se que até mais ou menos os 12 anos de idade elas não têm o pensamento crítico formado e, por isso, são mais suscetíveis aos apelos comerciais. 

     Embora, de acordo com a lei, as crianças não possam praticar os fatos da vida civil, tais como comprar um automóvel ou assinar um contrato, elas são abordadas diretamente pela publicidade como plenas consumidoras.

     Longe das estripulias cotidianas e das brincadeiras criativas, muitas crianças estão ficando cada vez mais quietinhas diante de uma tela no quarto, assistindo à programas inadequados ou comandando, pelo controle remoto do videogame, alguma batalha geralmente sangrenta. Ou, quando esperam os pais na volta do trabalho, sonham mais com algo que eles possam lhes ter comprado do que com o calor do seu abraço. Isso porque elas obedecem, hoje, a dois senhores dentro da mesma casa:
  • à publicidade, que só lhes diz “sim”, 
  • e aos pais, que, cansados de tanto dizer “não”, cedem às súplicas dos filhos entregando-lhes, na forma de objetos, o contato afetivo cada vez menos valorizado.
     Na ânsia de formar antecipadamente novos consumidores, a publicidade encurta a infância sem medir as consequências nefastas dessa apropriação indébita da genuinidade infantil. A erotização precoce e seus reflexos nos altos índices de gravidez na adolescência; a violência oriunda do desejo por produtos caros implantado em tantas crianças que, sequer, podem comer; a obesidade infantil, estimulada pela oferta excessiva às crianças de produtos não saudáveis; as depressões e frustrações decorrentes do atrelamento do conceito de felicidade ao ato de consumir são algumas dessas consequências que pesam sobre o futuro de nossas crianças e oneram os cofres públicos.

     Por que, em tantos outros países, a publicidade para crianças é controlada; o que falta na legislação brasileira para que o mesmo rigor seja adotado aqui; quais as táticas mais utilizadas pela publicidade para seduzir os pequenos; o que acontece com uma criança que cresce sem ouvir “não” e quais as consequências da publicidade dirigida ao público infantil são alguns dos temas abordados neste livreto. Sua razão de ser é ajudar a ampliar a reflexão e o debate sobre o consumismo precoce e conscientizar o leitor sobre os impactos negativos da publicidade e da comunicação mercadológica voltadas à criança no desenvolvimento infantil. 

     A infância feliz e tranquila é o prefácio de um mundo melhor. E quanto mais respeitada e protegida ela for, mais adultos críticos e saudáveis construiremos e mais sentido terá a preocupação que demonstramos hoje com o futuro do nosso planeta.

Quer saber sobre essa cartilha? Entre aqui e espalhe essa notícia:

Criança, a alma do negócio:

Pare, pense, atue!
Critique o mundo no qual está inserido!
Não seja pego!

Cultura da vaidade e consumo:

Yves de La Taille é professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Autor de “Moral e ética - dimensões educacionais e afetivas” (Prêmio Jabuti 2007). Atualmente, ministra aulas de Psicologia do Desenvolvimento e desenvolve pesquisa na área de Psicologia Moral.

      Cultura da vaidade e consumo: Vivemos uma sociedade chamada de, entre outros nomes, de "sociedade de consumo". 

     A bulimia atual atinge todas as pessoas (e deixa frustradas aquelas que, por falta de recursos, não podem adquirir os bens cobiçados) e é, vinte e quatro horas por dia, incentivada por anúncios mil que inundam as ruas, os jornais, as revistas, a televisão, etc. 
     Cabe nos perguntarmos porque tanta gente entrega-se a tal bulimia. Variadas são as explicações possíveis. Na minha fala, defenderei a idéia de que vivemos uma "cultura da vaidade", na qual marcas de distinção, que se associam ao status de "vencedor", tornam-se quase que necessárias para gozar de alguma visibilidade social. 
     Ora, não raramente, o motivo primeiro do consumo é adquirir tais marcas. Como o fenômeno não poupa as crianças e adolescentes (clientes, aliás, muito cobiçados), e também como ele é intimamente relacionado á construção da identidade, medidas para protegê-los devem necessariamente passar, para além da dimensão legal, pela dimensão ética, ética entendida aqui como busca da "vida boa, para e com outrem, em instituições justas". 
     
     É o que procurarei argumentar na minha fala:

Yves de La Taille - Cultura da vaidade e consumo from Projeto Criança e Consumo on Vimeo.