Lilypie Fifth Birthday tickers

domingo, 15 de março de 2009

Sobre chororôs e desafios...

Uma amiga querida que acompanha e vivencia minhas angústias de mãe me indicou um artigo hoje. Ela não me trouxe nada de novo, mas a maravilhosa clareza de ver a situação não como mãe, mas como uma pessoa que consegue ver, sem os atropelos do coração, o porquê de tanto chororô nas entradas da escola. 

Sei que a adaptação não é linear, as crianças, mesmo quando parecem bem e adaptadas, voltam a chorar, como meu pequeno. E trás, para nós pais e familiares um medo, uma pulga atrás da orelha que nos leva a pensar: "O que será que aconteceu para tudo voltar ao começo?"

Esse ano a adaptação do Lipe foi mais dolorosa para mim, que ando cheia de culpa por ter voltado a trabalhar em pique total... Por não estar curtindo não levá-lo até a escola ou buscá-lo. Por não poder ver em seus olhos a alegria de estar brincando e convivendo com pessoas novas. Como diz o LIpe: Ai, aiiiiiiii...

Essa semana, em especial, voltei a ser feliz! Lipe novamente tem ido alegre e contente para a escola. Tive direito a receber ligação da orientadora e da professora e só ouvir elogios. Mas foi a alegria do meu pequeno que fizeram meu coração acalmar...

Segredo? Além de confiar demais na escola, educadores e proposta educativa da instituição, passei a preparar, a todos os dias pela manhã, algo especial para que ele levasse para a escola a tarde: uma casca de siri que encontramos na praia, fotos de um sirizinho que nos vistou na areia, um livro especial, um brinquedo querido dele... Já começo o dia dele dizendo: o que você levará para mostrar aos seus amigos hoje? 

Sem muito "pedagogês" sei que quando Lipe leva algo aqui de casa para a escola, um ambiente novo para ele, leva um pouco da gente com ele. É o chamado "objeto de transição" ou "lovey", ele permite a criança estender uma espécie de "ponte" entre ela e sua família, nos momentos de separação.

Esse objeto passa a manhã conosco e fico fazendo aquela propagando de como será legal sua tarde na escola e como terá novidades espetaculares a me contar quando eu voltar...

Tenho também, trazido diariamente livros da escola para ler para ele antes de dormir. Já tínhamos esse hábito, mas agora tem sabor diferente: os livros veem da escola da mamãe! Nesses momentos noturnos relembro nostálgica as leituras na cama que meu pai contava para meus irmãos e eu... Quero que Lipe lembre com saudades essa nossa época, também! E que tenha essa relação tão afetuosa que eu tenho com a leitura...


Compartilho aqui, o artigo indicado pela minha amada amiga e que copiei do blog: Criançada - http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?uf=1&pg=1&coldir=1&section=Blogs&topo=3994.dwt&uf=1&local=1&template=3948.dwt&source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&blog=117&tipo=1&post=159534 

Meus caros leitores, li o artigo do educador Marcelo Cunha Bueno chamado Sobre chororôs e desafios... Mas bem sobre ossos e gostei muito. Deixo aqui no blog para dividir com vocês: 


Onde será que moram aqueles ossos que crescem sem percebermos? Aqueles ossinhos que crescem e mudam o nosso olhar, mudam a forma como encaramos o mundo. Ossos que estruturam outras partes do corpo... um osso-coração, um osso-sentimento, um osso-saudade, um osso-vontade de abraço.

Quando as crianças voltam de férias, os professores sempre dizem: "Nossa, como você cresceu!". De fato, parece que as crianças escolhem as férias para crescerem seus ossos... os da perna, do braço... Mas é na escola que os ossos, aqueles que comentei no início deste texto, resolvem dar uma espichada!

Crescer não é fácil... às vezes, bem, quase sempre, dói.

Dói quando voltam das férias, feriados, ou de um final de semana gostoso junto à família, por exemplo. Dói tanto que choram! Um choro tão doído que dói no corpo dos pais e mães que têm de deixar seus filhos e filhas na escola. Então, depois que vão embora, essa dor continua... e as famílias começam a pensar em mil hipóteses para esse choro. Pensam se fizeram a escolha certa, se estão ausentes, se falta algo, se o professor cuida, se o filho ou a filha ainda gosta deles.

Percebo na cara dos familiares, dos mais velhos na escola até os mais novos, a insegurança quando a criança chora para entrar na escola. Já ela, que ficou na escola, encontra no colo de outro, no olhar de outro, no gesto de outro, algo que acalma esse crescer, esse caminho.

Para lidar com o choro, temos de nos desprender da idéia de sofrimento. Nem sempre sofremos quando choramos... Para as crianças, o choro pode significar muitas outras coisas.

Vejo alguns familiares se desesperarem quando a criança chora para entrar na escola. Qualquer educador espera que a criança, mais cedo ou mais tarde, mesmo a mais descolada da escola, vá chorar! Elas precisam elaborar frequentemente o que significa ir à escola, pois simboliza crescimento, portanto, desafio. Nem sempre as crianças estão a fim de encará-lo... Sabe o que fazem? Como expressam essa vontade? Chorando!

O choro não representa necessariamente algo que tenha acontecido, ou que não gosta daquela escola... O choro é a expressão possível de um montão de sentimentos que ainda não têm nome. Por isso, não adianta se desesperar! A criança quer escutar daqueles que ama que ela vai conseguir, que será difícil, mas vai superar seus desafios... E o melhor: que pode contar com outras pessoas para isso! Existe coisa mais tranqüilizadora para uma criança quando a mãe ou o pai a autoriza a se afetar por outro adulto? Quando os familiares dizem: "Você pode procurar o colo da professora, do professor..."?

Já presenciei muitas cenas de famílias que acabam induzindo a criança a contar uma história que explique o choro sem ao menos terem vivido aquilo. "Você está triste porque a mamãe está trabalhando demais? Porque a mamãe não te deu aquele brinquedo?"... A criança, sem saber que choro precisa ter explicação, diz que sim... para encerrar o assunto e ganhar logo de uma vez a atenção corporal do adulto.

O adulto precisa encorajar a criança. Precisa se mostrar seguro, precisa autorizar a criança a sentir o que sente, mas sem abrir mão do que está posto. Ir à escola, por exemplo, não dá para ser negociado. Insistir e jogar limpo: "Está difícil, mas você vai conseguir!".

Brinco sempre com as famílias que se crescer fosse um jogo de percurso, as regras desse jogo seriam: a cada um passo para frente, três para trás. Isso significa que, para crescer, a criança precisa checar o caminho percorrido para se sentir à vontade e segura para ir adiante. Andar para frente, seguir o caminho, significa olhar para trás e entender o que significou cada passo dado. Chorar não é regredir... é crescer! E crescer é ter espaço. Só cresce quem conquista espaços. E aqueles ossinhos que crescem sem percebermos bem são os que nos ajudam a conquistar esses espaços! São eles que nos sustentam, nos erguem, nos acomodam, e nos levam pelos caminhos que escolhemos percorrer.

3 comentários:

Lulu disse...

Amore!
Nossa, que feliz eu fico por saber que o Lipe está bem, por saber que vc está encontrando formas de tornar a escola mais interessante e tb por notar que vc captou o artigo! Pensei em vc com todo o carinho quando o li!
Beijos enormes pra vc e pro Lipito!

Marina Tiso disse...

Lu, claro que quando li o artigo soube que você pensou em mim...

Não acredita como estou feliz em ver meu filho mais feliz!!!!

Beijocas mil!!!

Tisos&Tisos disse...

Amei de verdade é bem isso mesmo segurança, apoio e mais do que tudo confiança em estarmos fazendo a coisa certa!!! Esses dias a Rafa acabou ficando com um "terço" que fica ao lado da minha cama pendurado em seu pescoço do começo ao fim da aula acredita? Agora sim entendi o porque isso... Beijos grandes Ká